Hábito de ser e perfazer, não vou mudar
Saio do meu Eu, no meu Arfeu, à protestar
Sinto num momento os sete ventos bravejar
Flores, todas as cores, dissabores vão brotar
Hábito de ser e perfazer, não vou mudar
Monta, se desmonta, faz a conta sem contar
Ardo, me desfaço, um deslize vou cobrar
Bem longe de ti, estou aqui pra te afagar
Dorme em paz, meu amor
À espera do fim
Dorme em paz, meu amor
À espera do fim
Calo no meu mundo, sobretudo ao luar
Venço o meu senso, um desalento vou guardar
Corra sem ter pressa, numa prece à sufocar
Salvo o meu receio, teu anseio em navegar
Dorme em paz, meu amor
À espera do fim
Dorme em paz, meu amor
À espera do fim
Peno por eu ser, por perecer no teu olhar
Parto em descompasso a vontade de ficar
Já chegou ao fim, amor, mas tudo vai passar
Ao amanhecer o meu calor não estará
Dorme em paz, meu amor
À espera do fim
Dorme em paz, meu amor
À espera do fim